- Tá vendo? Isso é besteira. Todo mundo fica me dizendo desde o início: "você vai ficar bem" ou "tudo vai ficar bem". Isso só piora tudo. Iria ser melhor se alguém virasse pra mim e dizer: "Sinto muito mas você vai morrer".

É isso que acontece com Adam (Joseph Gordon-Levitt), um jovem que trabalha em uma estação de rádio com seu amigo Kyle (Seth Rogen). Ele se queixa de umas dores nas costas e vai no médico para descobrir qual é o seu problema. O médico vai falando palavras em um gravador onde Adam capta apenas algumas palavras. O suficiente para obter uma resposta de forma seca: ele tem um raro tipo de câncer na coluna e logo depois descobre que suas chances são de 50%.
O filme tem uma mulher que pode ser o interesse romântico de Adam, mas o filme não é sobre isso. O filme é sobre como os amigos Adam e Kyle lidam com a doença juntos. Pelo que pesquisei, o roteiro foi escrito por Will Reiser, um produtor que escreveu pela primeira vez um longa. Ele próprio foi diagnosticado com a doença e ajudado por seu amigo Seth Rogen. Foi Rogen quem o incentivou a escrever esse roteiro e talvez por isso o filme pareça tão honesto. Faz diferença quando é escrito com coração.
É com Kyle que Adam pode realmente contar. Ainda mais do que a própria namorada, Rachael (Bryce Dallas Howard), que mora com ele. E pior ainda, ele vai descobrir que ela nunca foi alguém com quem realmente pudesse contar mesmo antes da doença. Ela provavelmente gostaria de dizer que não quer passar por isso com ele, mas o que as pessoas iriam dizer? É provável que ela tenha ficado ao lado dele porque a sociedade diz que é a coisa certa a se fazer ou por dó, mas essa não é uma situação pela qual alguém gostaria de passar.
É também com sua mãe, Diane (Anjelica Huston), que ele pode contar. Mas ele mesmo, que em certos momentos parece não ter paciência com ela, não parece querer envolvê-la muito nessa questão. Talvez seja porque ela é superprotetora, ou talvez seja porque ela já tenha que cuidar do pai dele que sofre de Alzheimer. O que parece importante é saber que nesses momentos a mãe é uma pessoa com quem você possa sempre contar não importa como a vida dela esteja.

Talvez por sua experiência em seriados de TV, Reiser escreve o filme como se fosse um. Mas a grande vantagem dele é que não termina como se fosse. Ao invés de manter o tom de comédia até o fim do filme, Reiser assume a tragédia do que pode acontecer. Já conhecemos bem os personagens e estamos preparados para acompanhar o desfecho, mas ainda assim ele não vem de forma fácil. Como disse antes, é um filme feito com coração de quem já passou por uma situação como essa. Talvez fosse melhor que nos cinemas as coisas acontecessem de forma menos trágica, mas esse não é um filme como os outros.
Se esse filme caísse em outras mãos, eu poderia dizer que o personagem interpretado por Joseph Gordon-Levitt seria um tipo intragável. Mas conforme o tom de comédia vai diminuindo e o filme vai ficando mais emotivo, é Levitt quem nos impulsiona a continuar assistindo o filme. Ele é talvez o mais natural e menos afetado ator da sua geração, e num filme como esse, isso faz muita diferença. No final, o que temos é um ótimo filme feito com coração e honestidade.
Sem contar a música de encerramento. Boa demais.
Incrível é lembrar das amizades que podemos contar e das que sentimos falta e das que pensávamos que sempre tínhamos e nunca tivemos.
Vale a pena!
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